4 de set. de 2009

A aprendizagem .

O sol acabara de nascer, um grande degradê solar estampando no ceu, o som do rio acalmava a tribo e, enquanto isso, os ventos frios da manhã balançavam as folhas do pé de guaraná. Um grito ao longe anunciava a hora de se levantar. Agora, só o som dos pés sobre a terra batida era ouvido.

Sentiu-se nervoso com as tarefas que aguardavam-no, parecia até com uma pequena criança com medo. "Mas logo hoje?" era o que pensava. Com um aceno se despediu da família e entrou na floresta. Teria algumas coisas pela frente, coisas que nem ao menos sonhara, umas mais simples e outras maiss complicadas. Mas no fim do dia todas deviam estar feitas.

Seu primeiro obstáculo exigia da sua audição. Precisava ouvir o farfalhar das folhas, rastro da sua caça, para que tivesse êxito e então ter um desjejum. Logo após seu café da manhã, o seu conhecimento geográfico da floresta estava em cheque. Necessitava achar uma pequena acerola na árvore. Tarefas simples, até então.

Por uma proeza inestimável identificou uma planta medicinal. Poderia vir a ser útil. Pena que tinha que provar, devia saber se era mesmo a planta certa. "Quanto pior o gosto, melhor", veio a voz de sua mãe lhe falando disto. Lembrou-se como que deveria achar a sua cura. Como tivesse levado uma facada, sua cara se contorceu de angústia, quando provou da planta. Sim, era a certa.

Agora seu coração batia muito forte. A cada passo que dava, tinha que respirar mais fundo. Parou por uim momento e sentiu um cheiro peculiar, mas quando se aproximou, o cheiro sumiu. Perdeu mais de vinte minutos ali, cheirando as plantas. No momento seguinte, sabia que deveria achar uma pequena fruta vermelha, na imensidão verde. Era a última tarefa e por consequência a mais difícil. Mas o fruto de sua experiência ajudou-no com a busca da fruta. Perdeu pouco tempo para terminar a última prova, o que lhe deu tempo o suficiente para voltar com calma à aldeia, antes mesmo do completo breu da noite.

Ao chegar na tribo, renunciou a todas as festas. Só queria agora descansar em sua branca rede, ao brilho do luar e das estrelas.


Escrito em parceria de Pedro Veríssimo Fernandes.