24 de set. de 2013

me laça, me embrulha
pra presente
e se lembra
que é o presente
do envolvimento
num momento
tão sublime
de esquecer
o que prende
pra amolecer
a cama
e o coração

***

parede pintada
escultura do nosso querer
bem
e mais
registra
não fotografa
com nossas lembranças
enchemos a casa
e não pausa
esse nosso amor

19 de set. de 2013

felicidade
não cabe
num só rosto
tem que ser
dividida
co-habitada
um pé:
em teus sorrisos
o outro:
nos meus

17 de set. de 2013

quê fazer
com teus lábios
tão em forma
tão aí e eu aqui

morfa essa distância
camufla o tempo
rastreia nossa felicidade
e canta
e nesse canto
cante tudo

pois não desejo
menos
nem mais
mas você

junta tua vida
com a minha
me mescla
descruza
os braços
e cruza
os dedos

e me espera chegar
com bolsa cheia
de ideias
só pra você
dizer oi
e me fazer
de tudo esquecer
e meu coração
aquecer

16 de set. de 2013

De noued à noued

Procurando nas gavetas pelas palavras certas, ficou como par de meia trocadas: meia preta no pé esquerdo, meia amarela no pé direito... assim foi o que encontrou: palavras vermelhas na mão esquerda e outras tantas coloridas na mão direita. Janela aberta, ar fresco, sol a pino, céu azul de brigadeiro. Mas, brilho mesmo, era o que o acompanhava pela casa, um par de jabuticabas. Casa, inclusive, que se enchia, mobiliada ao acaso e ao léu. Sem pretensão de ser casa, os móveis apenas chegaram por lá e se aconchegaram, ficando mais e mais. De repente já era tudo aquilo: quatro paredes de concreto e um telhado abstrato: aberto pro céu, feito pó de estrela.  E então que percebeu: são os nós que deixam a casa resistente em vez das paredes. Paredes não seguram são derrubadas. Nós não, nós se seguram, se ajudam, se completam. Nós ficam abraçados enquanto paredes ficam distantes. Ao passo que paredes se distanciam, os nós se apertam.

8 de set. de 2013

bonjour, ma belle

procuro buscar entender
que feitiço é esse
coisa louca que
nos teus braços
transparece e aparece
na janela
sua cor essa
jabuticaba doce

mas esqueço
o quanto despeço
e peço
e venho
com o intento
esquento, aguento
o tempo lento
pra ver o sorrir
e esquecer
o que buscava
derretido com
um simples bom dia

repetido
ao acaso
sem descaso
mas com ternura
outro boa noite
noite boa
que voa e escoa
por entre os dedos
feito tempo
escorregadio, infinito
intento, intenso

ao amanhecer
seus olhos nos meus
meus olhos nos seus
trocamos
e tocamos
singela sinfonia

nós no cabelo
feito caracóis
devagar
divagar
divulgar
um ao outro
sem complexo
sem fingir

e acordei
também acorde
tantas notas
tantas histórias
tanto da gente
no pente
fino
sem espinho
seu perfume
hoje um costume

te digo
me acostumei
me encontrar com você
e em você
entendo, me lembro
o que vim procurar

3 de set. de 2013

busco expressões
(compreensivas
que abracem esse sentimento
mas esqueço de tudo
quando leio
em você
nossa felicidade
e quando você
me rouba
meu sorriso
fico sem palavras)