8 de dez. de 2013

deita lua, deita 
deita o sorriso
deita teu corpo
deita e pousa

pousa lua, pousa
pousa sem prosa
pousa com a boca
rosa
pousa e afrouxa,
abrocha

abrocha lua, abrocha
abrocha num beijo
abrocha os sabores
abrocha nosso amor,
minha flor

26 de nov. de 2013

não existe
melhor sorriso
que os nossos
sincronizados
num momento
in-oportuno
te beijo e sorrio
e explodimos
numa cacofonia só nossa:
que não existe
melhor sintonia

24 de out. de 2013

me explica...
não! esquece de tudo
me mostra
me diz
quero o movimento
esse
da tua boca

se contradiz
sem giz sem cera
numa cena
se desfaz da língua
pra se remontar
em corpo e cosmo
em sentido e em significado

em sabor:
esse que mora
- me enrolo -
em você

7 de out. de 2013

sinto esse perfume e
não esqueço
do lenço
que esconde
teu pescoço
e aquece
o peito
não despeço
digo: peço
pra você
guardar
meu beijo
a salvo
seguro
te seguro
ao alcance da boca
que é pra sentir
o mundo
em você

***

Ao se aprontar me lembrei que o tempo prega peças na gente e que comecei a rir ao teu lado e também da primeira vez que conversei com você; que te vi; que te ouvi; que te abracei; que conversamos por horas a fio; que ouvi tua voz de verdade. Disso tudo não me esqueço do dorso da mão: um beijo. E nos vestimos um no outro, tal qual chocolate que veste a colher de cauda. Inunda minha vida de alegria, inunda, limpa a pele e veste o beijo que lhe dou. Suave é tua presença que encontrei ao (di)vagar e devagar - de carinho a carinho: nosso dialeto se faz com abraços no metrô. Agora o que nos aguarda é o céu cor de vinho; afinal nossa felicidade tem nome, tem corpo, tem sabor, tem você e tem eu, tem tanta coisa que não inumero: sinto. Correndo o risco de cortar alguns sentidos e significados, resumo (o do nosso tempo): encontro paz no teu colo e em você: mesmo sem saber achei o que procurava.

24 de set. de 2013

me laça, me embrulha
pra presente
e se lembra
que é o presente
do envolvimento
num momento
tão sublime
de esquecer
o que prende
pra amolecer
a cama
e o coração

***

parede pintada
escultura do nosso querer
bem
e mais
registra
não fotografa
com nossas lembranças
enchemos a casa
e não pausa
esse nosso amor

19 de set. de 2013

felicidade
não cabe
num só rosto
tem que ser
dividida
co-habitada
um pé:
em teus sorrisos
o outro:
nos meus

17 de set. de 2013

quê fazer
com teus lábios
tão em forma
tão aí e eu aqui

morfa essa distância
camufla o tempo
rastreia nossa felicidade
e canta
e nesse canto
cante tudo

pois não desejo
menos
nem mais
mas você

junta tua vida
com a minha
me mescla
descruza
os braços
e cruza
os dedos

e me espera chegar
com bolsa cheia
de ideias
só pra você
dizer oi
e me fazer
de tudo esquecer
e meu coração
aquecer

16 de set. de 2013

De noued à noued

Procurando nas gavetas pelas palavras certas, ficou como par de meia trocadas: meia preta no pé esquerdo, meia amarela no pé direito... assim foi o que encontrou: palavras vermelhas na mão esquerda e outras tantas coloridas na mão direita. Janela aberta, ar fresco, sol a pino, céu azul de brigadeiro. Mas, brilho mesmo, era o que o acompanhava pela casa, um par de jabuticabas. Casa, inclusive, que se enchia, mobiliada ao acaso e ao léu. Sem pretensão de ser casa, os móveis apenas chegaram por lá e se aconchegaram, ficando mais e mais. De repente já era tudo aquilo: quatro paredes de concreto e um telhado abstrato: aberto pro céu, feito pó de estrela.  E então que percebeu: são os nós que deixam a casa resistente em vez das paredes. Paredes não seguram são derrubadas. Nós não, nós se seguram, se ajudam, se completam. Nós ficam abraçados enquanto paredes ficam distantes. Ao passo que paredes se distanciam, os nós se apertam.

8 de set. de 2013

bonjour, ma belle

procuro buscar entender
que feitiço é esse
coisa louca que
nos teus braços
transparece e aparece
na janela
sua cor essa
jabuticaba doce

mas esqueço
o quanto despeço
e peço
e venho
com o intento
esquento, aguento
o tempo lento
pra ver o sorrir
e esquecer
o que buscava
derretido com
um simples bom dia

repetido
ao acaso
sem descaso
mas com ternura
outro boa noite
noite boa
que voa e escoa
por entre os dedos
feito tempo
escorregadio, infinito
intento, intenso

ao amanhecer
seus olhos nos meus
meus olhos nos seus
trocamos
e tocamos
singela sinfonia

nós no cabelo
feito caracóis
devagar
divagar
divulgar
um ao outro
sem complexo
sem fingir

e acordei
também acorde
tantas notas
tantas histórias
tanto da gente
no pente
fino
sem espinho
seu perfume
hoje um costume

te digo
me acostumei
me encontrar com você
e em você
entendo, me lembro
o que vim procurar

3 de set. de 2013

busco expressões
(compreensivas
que abracem esse sentimento
mas esqueço de tudo
quando leio
em você
nossa felicidade
e quando você
me rouba
meu sorriso
fico sem palavras)

30 de ago. de 2013

tira
o relógio
pra que o tempo
pare
e fuja
do teu corpo

29 de ago. de 2013

me diz o que fazer
se esse perfume
tão doce e
tão seu
grudou em mim
que não quero
deixar
partir
e sem me despedir
fique aqui comigo

26 de ago. de 2013

não é teu
o beijo
mas nosso

roubei teu sorriso
num laço
te convidando
pra esse canto:
de abraço
e guardei com o travesseiro
em baixo da cabeça
ao lado da mão
em cima do lençol
de todos os lados e
de todas as voltas

volta
que te quero
do meu lado

calado sorrio com graça
e sem graça
sorri pra mim
sem esforço
brincamos de esconde-esconde
com o tempo
insistente e invejoso
roubando da gente
justo aquilo que não controlamos

20 de ago. de 2013

na peculiaridade dos assuntos
desenvolvidos os dois...
- tão bom te fazer carinho
... com as bocas esvaziadas
de vontade um beijo
cortando o frio..
- agora sei qual é o seu cheiro
...com traços no rosto

12 de ago. de 2013

amores expressos: encontros disfarçados

tem dias que a preguiça não sossega
há quem diga
as vezes
indiferente ao mundo concreto que
sorrisos são nossas mais belas companhias

porém é na cama
em baixo da coberta
doendo do frio que
resiste lá fora:
outra encenação

talvez exista algum
híbrido de carinho e
afeto com a
intensidade do
sentir
pedindo pra ser
encontrado por entre as cobertas
devolvendo os sorrisos
rimados entre eles
onde antes não se via nada

4 de ago. de 2013

amores expressos: do tempo

é expressar
amor de forma
expressa

é reformar
amor sem pressão
ex-pressão

é exprimir
o espaço
pra criar mais tempo

amor sem se apegar
ao tempo

31 de jul. de 2013

amores expressos: desencontro

um sorriso
sincero e tocou
meu coração

um coração
apertando seu caminho
por outro
cruzamento se foi

21 de jul. de 2013

Moitiés

ser metade
de um enfeite completo
repartido igual bolacha
que encaixa
mas
transformam-se:
duas metades

12 de jun. de 2013

L'inspiration est un coton

A água fria consolida os pensamentos, concretiza o abstrato. Deixa sem graça; sem vida. A vida mora no acaso, no calor do abraço e no sorriso depois do beijo. Vida não é moradia do descaso, do saber. Mas é moradia da sabedoria; dos sabores. Um livro, um beijo e um cobertor. Felicidade não se nega, se desmancha.

***

Adorno; adereço, endereço sem coordenada. Como propor uma geografia do teu corpo, se dele nada se conhece a não ser aquilo que se quer conhecido? Para uma geografia completa é necessário que a cebola seja descascada. Camada por camada, olhar por olhar. O que enfeita enfatiza.

***

Harmonias e desencontros; como se não houvesse mais sincronia. E já fazia tempo que um amigo concluíra: "sincronia é tudo". Mas sincronia não é acertar os horários dos relógios (desse tempo mecânico que estamos acostumados) isso seria, no limite, uma coordenação da contagem do tempo clássico, chato e sem graça alguma. O interesse vem do tempo do outro. O relevo é o outro. Que ajuda um eu, com licença poética e prática, a existir e a se delinear. Enfim, dormir lendo e acordar coberto: isso é felicidade, sinônimo de sincronia.

5 de jun. de 2013

Comment traduire le chaos en cosmos

O pensamento é a morada do caos; é na língua que o cosmo se encontra. No sotaque, nos acentos e nas risadas; pensamento em fala, linguagem em harmonia. No olho: o complexo, no corpo: o óbvio e, no pensamento... o obtuso. Medusa e sereia misturadas, congela com o canto e se esvai pela visão.

Que as mãos se cruzem, que os mundos colidam e que os astros considerem e se encontrem.