24 de out. de 2013

me explica...
não! esquece de tudo
me mostra
me diz
quero o movimento
esse
da tua boca

se contradiz
sem giz sem cera
numa cena
se desfaz da língua
pra se remontar
em corpo e cosmo
em sentido e em significado

em sabor:
esse que mora
- me enrolo -
em você

7 de out. de 2013

sinto esse perfume e
não esqueço
do lenço
que esconde
teu pescoço
e aquece
o peito
não despeço
digo: peço
pra você
guardar
meu beijo
a salvo
seguro
te seguro
ao alcance da boca
que é pra sentir
o mundo
em você

***

Ao se aprontar me lembrei que o tempo prega peças na gente e que comecei a rir ao teu lado e também da primeira vez que conversei com você; que te vi; que te ouvi; que te abracei; que conversamos por horas a fio; que ouvi tua voz de verdade. Disso tudo não me esqueço do dorso da mão: um beijo. E nos vestimos um no outro, tal qual chocolate que veste a colher de cauda. Inunda minha vida de alegria, inunda, limpa a pele e veste o beijo que lhe dou. Suave é tua presença que encontrei ao (di)vagar e devagar - de carinho a carinho: nosso dialeto se faz com abraços no metrô. Agora o que nos aguarda é o céu cor de vinho; afinal nossa felicidade tem nome, tem corpo, tem sabor, tem você e tem eu, tem tanta coisa que não inumero: sinto. Correndo o risco de cortar alguns sentidos e significados, resumo (o do nosso tempo): encontro paz no teu colo e em você: mesmo sem saber achei o que procurava.